terça-feira, 31 de março de 2015

Analfabeto



Sou Analfabeto do princípio da matéria
dentro de uma questão matemática.

Sou Analfabeto da visão elementar
dentro de um olhar inocente.

Sou Analfabeto do espaço infinito
dentro de um corpo finito.

Sou Analfabeto das letras e números
dentro do livro de regras.

Sou Analfabeto dos ritmos e cantos
dentro de um conjunto vazio.

Sou Analfabeto emocional
dentro de uma matriz eletrônica.

Sou Analfabeto do puro amor
dentro do peito há um espaço vazio.

Sou um coração Analfabeto
cheio de esperança e dor.

Eu... analfabeto, espero o dia
em algum lugar, no tempo e espaço
possa aprender amar.

sexta-feira, 20 de março de 2015

Corte



Eu quero que só uma vez
cortar o pão sem cortar
a palma da mão.
Simples,
leve,
corte.
Essa faca-serra
com um só golpe
livra a carne
e corte só o pão.
Passe bem longe
com o seu serrote,
deixa a minha mão
fora do seu corte.
Parte que não é pão,
me faz parte,
parta no meio só o pão.
Mire a reta e corte,
mas não vá profundo,
não corte a palma
da minha mão.

segunda-feira, 9 de março de 2015

Olhos fechados



"Nunca fechei meus olhos pra vida"
mas quando saíste pela porta,
não mais os abri.
Você saiu da minha vida e
não fechou a porta do meu coração.

"Nunca fechei meus olhos pra vida"
A estrela que irradiava e
esquentava o meu quarto
hoje não mais existe
É o fim do romance
Hoje fecho meus olhos e te vejo.

"Nunca fechei meus olhos pra vida"
A minha alma vagueia nos lugares por onde passamos.
As minhas mãos se arrasta no vazio da cama
As horas passam lentamente
Lá fora chove e aqui enxugo meu rosto.

"Nunca fechei meus olhos pra vida"
Mas desta vez é pra sempre
Me fechei pra esse mundo,
mas deixei a chave na porta
caso a vida venha me presentear.
Que venha logo, a loucura paira no ar

"Nunca fechei meus olhos pra vida"
Vamos ser sinceros, fechei os olhos pra nós
e a estrada foi dividida.
Deixei a chave na porta
caso a vida venha me presentear
abrirei os olhos
e o presente vou aceitar.

sábado, 7 de março de 2015

Madrugada

A insegurança no caminho frio
Torna-se mais angustiante e pedregoso
A cada passo, uma alívio contido
A cada novo passo, mais escolhas
A cada escolha, uma sentença e uma verdade
A cada verdade, um ensinamento e reflexão
Cai chuvas de letras em pensamentos
Três noites sem dormir e nada produzir
Três noites, susto e arrepios
Três noites, confuso e sozinho
Três noites, trancado e alvejado
Cai chuvas de letras em pensamentos
Premiado com mais uma madrugada
O calor vem lavar toda a cama
Me punindo de forma que eu mereço
Deixando marcas nos olhos
Cai chuvas de letras em pensamentos
Ler, reler, escrever e rever tudo
Ler, reler e desenhar um novo traço
Ler, reler e agora o que faço?
Ler, reler e fazer acontecer
Cai chuvas de letras em pensamentos
A idade passa
A vista embaça
A corpo é uma massa
A Alma transpassa
A nossa trilha
O nosso rastro
A nossa vida...
Continua.